SUBPROJETOS

Identidade de Bairro
Resultados Alcançados

O resgate da história oral dos bairros populares de Salvador, das diferentes visões de mundo e de “espaços vividos”, mostra que são múltiplas as representações desses espaços, entre os grupos/agentes que compõem suas redes de relações sociais. Descobre-se que os bairros são culturas transversais, que abarcam muitas e múltiplas subculturas: “da pesca”, “do remo”, “jovem”, “negra”, “capoeirista”, “afro-brasileira” ou “bairrista”; o outro lado da moeda traz para dentro dos bairros o mundo e suas subculturas: “turística”, “patrimonialista” ou “conservacionista”.
Nos bairros populares das metrópoles capitalistas são os moradores os verdadeiros agentes de transformação do espaço. Eles articulam-se em “rede”, de acordo com o tema em foco. Temos que diferenciar, por exemplo, os tópicos específicos dos jovens, das mulheres casadas, os tópicos dos homens adultos, etc., em cada lugar concreto, e também diferenciar os tópicos das etnias, nas diversas formas em que podem se apresentar suas culturas e subculturas.
A análise dos mapas mentais dos diferentes agentes/grupos nos bairros populares de Salvador mostra que, para os bairros com mais chances de incorporação ao circuito turístico da cidade, as imagens hegemônicas, associadas ao marketing turístico, vão, aos poucos, sobrepondo-se aos espaços de representação dos moradores e contrapondo-se às suas práticas espaciais cotidianas. Há um nítido deslocamento da esfera da experiência para a esfera da vivência, transformando determinadas práticas e manifestações culturais e tornando-as residuais no cotidiano de cada lugar.
Por trás das imagens hegemônicas, pode-se ainda pinçar, nos depoimentos dos moradores, manifestações culturais às vezes “esquecidas” pela mídia e pelo marketing turístico: capoeira, rendeiras, costura, festa dos pescadores, teatro popular, festas e palestras promovidas pelas associações de moradores, pescaria, costumes, corais, carnavais de bairro, auto de natal, blocos afro, terreiros de candomblé, maculelê, o Movimento Negro Unificado, as danças afro. A questão das subculturas aponta, nos bairros pesquisados, para a importância da questão étnica e para inúmeras tentativas de afirmação de uma identidade afro-brasileira. Na maioria das vezes, é no espaço das Associações de Moradores, Clubes de Mães, Terreiros de Candomblé, etc. que essas subculturas encontram algum espaço de expressão. Ao mesmo tempo, muitas dessas manifestações vão desaparecendo, permanecendo vivas apenas na memória de alguns moradores.